Vendo TV

Dizem que tv é a mãe da preguiça. E, por ser mãe, temos que respeitá-la. Discordo. E a minha está a venda (a tv, não a mãe). Quanta informação pela metade e tendenciosa! E eu acabo sendo meio assim, como minha tv. Quando não sei, faço piadas. A tv só nos mostra a cultura póstuma, bundas, notícias enxutas e testes de fidelidade. Por isso, vendo minha tv. Tô louco pra comprar uma de 29 tela plana pra ver tudo isso, na alta definição que merece.

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Puramente ilustrativo e fantasioso. Qualquer semelhança com a vida real é meramente proposital.

Friday, May 12, 2006

A involução do código de barras



Já repararam como a dupla Sandy & Júnior é uníssona? Por exemplo, ninguém fala Sandy e Junior, como duas pessoas. É uma coisa só. A Sandy, coitada, que se deu mal. Carrega uma locomotiva atrás do seu nome. A confusão é tamanha que nem pronome a banda tem, não é a (vindo de “a banda” ou “a dupla”) Sandy & Júnior, nem o (vindo de “o conjunto”) Sandy & Júnior, é simplesmente Sandy & Júnior. Faz-me lembrar dos meus tempos de colégio. Leio Jorge Amado. Assisto Shakespere. Ouço Sandy & Júnior. Nem os Beatles tiveram tal licença poética que têm os filhos de Xitãozinho e Xororó (um dos dois, ninguém sabe ao certo qual). Sem dúvida, isso está atrelado à qualidade sonora. “Vamo Pulá” deixa “Let it Be” no chinelo. Justo.

Falando nisso, li que Junior, músico e papagaio de pirata, decidiu se casar. E pra dar mais ar de moço velho, o guri está deixando crescer um ralo cavanhaque, que muito lembra os 8 fios da cabeleira de Zé Serra. Já Sandy, nem fala em casamento. Recentemente desmentiu o fim de seu namoro com Lucas Lima, da banda Família Nunca Sei Quem é Quem Lima. Deve ser interessante esse esquema de banda-família. Por exemplo, eles devem sair de manhã para o trabalho num carro só. Dizem até que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do PFL, já está pensando em usar a família em uma campanha sobre o rodízio em São Paulo. Os anúncios só não vão poder ser veiculados em outdoors ou outro meio externo de publicidade, já que o nosso reserva de prefeito deve sancionar daqui alguns dias um projeto de lei que proíbe esse tipo de publicidade a partir de 2007. Propaganda em táxis, telões, dirigíveis. Até avião entrou na onda. Calcula-se mais de 20 mil desempregados no setor publicitário, que já está mais abarrotado que bordel de fim de semana. Uma lei autoritária que fere diretrizes da Constituição, já que veta uma atividade legal, regulamentada e que paga impostos. Crueldade tal que só pode ser comparada a ter que ouvir o Júnior cantado a capella. Pelo amor.

Na época da ditadura tínhamos o DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda. Hoje nem de departamento precisa. Basta vaidade. Não gostou, tira. Seria bom se pudéssemos ter um desses também pra prefeitos. “Humm, não gostei muito das mudas de hortaliças que plantaram na Rebouças”. Joga o prefeito fora. “Puxa, não fui muito com a cara do azul marinho da vestimenta da guarda metropolitana”. Joga o prefeito fora. “O quê? O chafariz do Ibirapuera não toca Alanis Morissette?”. Mete o prefeito no saco preto.

Com certeza as ruas vão ficar mais limpas com essa lei. A não ser, é claro, pelos pais de família sentados na guia, sem a mínima inspiração criativa sobre o que dizer em casa. Lei essa, que nada fala dos quilos de panfletos, lambe-lambes e faixas de politicagem dispostas na época de eleições. Quando o rabo é alheio, exame de próstata é só uma visitinha ao médico. Hoje mesmo, quase morri sufocado, depois de engolir um pedaço de panfleto que bateu na janela e foi triturado pelo ar condicionado do escritório. Quando li que o panfleto era do PFL, meu chefe ligou para os para-médicos.

Uma certa vez, perguntaram-me sobre como é a vida de publicitário. Respondi que, sabendo fazer piadas, poderia escolher entre duas profissões: publicitário e palhaço de circo. Fui escolher bem a que leva mais torta na cara. Francamente.

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