Vendo TV

Dizem que tv é a mãe da preguiça. E, por ser mãe, temos que respeitá-la. Discordo. E a minha está a venda (a tv, não a mãe). Quanta informação pela metade e tendenciosa! E eu acabo sendo meio assim, como minha tv. Quando não sei, faço piadas. A tv só nos mostra a cultura póstuma, bundas, notícias enxutas e testes de fidelidade. Por isso, vendo minha tv. Tô louco pra comprar uma de 29 tela plana pra ver tudo isso, na alta definição que merece.

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Puramente ilustrativo e fantasioso. Qualquer semelhança com a vida real é meramente proposital.

Tuesday, April 14, 2009

O Homem Sanduíche


Era novo. Fazia uma das minhas primeiras empreitadas ao centro da cidade de São Paulo. Curiosas figuras, rostos sortidos. Um tipo me chama atenção. Em meio a duas placas, um homem. Dizia: Compro ouro. Pela pouca idade talvez, julguei-o inicialmente como homem rico. ‘’Pago em dinheiro’’ também gritava-nos o bilhete. Letras grandes.

Emplacado por ambos os lados, este usava um chapéu velho, camisa simples, e sapato marcado. Acentuadas linhas e marcas em seu rosto contavam-nos sua história. Estava cansado. Não daquele momento em si, mas de toda uma vida. Era como se cada forma em sua expressão representasse um desgaste, uma dor, uma angústia, um parente deixado para trás.

Especulo. Imagino. Fantasio. Seu nome deve ser João. Veio do nordeste, Piauí talvez, pela forma dos olhos. Atraído pelo gold rush e pela promessa de riqueza na capital do estado. Por ironia macabra, o mais perto que chegou de tais coisas, foi da palavra ouro, escrita com fita adesiva velha, estampada em seu peito. Sua alma, enferma e sofrida, parecia vazia.

Meu braço é puxado. Minha mãe tem pressa. Temos que passar na São Francisco, comprar flores, e buscar papai, tudo isso antes do almoço. Sanduíche, porém, mantém-se na mesma posição. O mundo rapidamente gira à sua volta e ele lá permanece, em uma espécie de prece silenciosa. Um carrinho de camelô entra em minha frente. Já não mais o vejo. Sua silhueta porém, insistentemente mantém-se assombrando minha cabeça. Para todo o sempre.

4 Comments:

Blogger Bombom said...

quuuuuuuuaccccceee!!! Adorei vir parar aqui no teu blog!! Que saudadesssss. Vou anexar seu nome, pra ler sempre. beijinhos querido, mari

9:47 AM  
Blogger Unknown said...

Ótimo, tembém me trouxe lembranças, coneci seu blog por uma amiga minha, acesse o meu, vamos fazer uma parceria.

www.sonoboteco.blogspot.com

9:44 AM  
Blogger Naoki Okubo said...

Realmente esse gold rush pegou a todos, tal como o gold of fool...

que época!

hahaha abs tanjeiro!
naoki

2:55 PM  
Blogger alexandreborlina said...

E aí Fredão, tudo bem? Gostei de ler seus textos!! Saudades companheiro! Mande notícias! Estou te esperando para o próximo leilão!rsrs, Abs Alê Kojak

4:37 PM  

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